Buscando maiores informações sobre os filmes concorrentes ao Oscar deste ano, acabei me deparando com a indicação de Brendan Fraser, dirigido pelo excêntrico Darren Aronofsky. Ambos, ainda que longe de apogeus conseguem barbarizar no longa “A Baleia” (The Whale), fazendo um filme humano e sensível, intimista, visceral e trágico.
A sinopse nos traz um professor de inglês recluso que vive com obesidade severa e tenta se reconectar com sua distante filha adolescente para uma última chance de redenção. Mas é pouco, frente a tudo que vemos adiante.
E mais uma vez a vida imita a arte, ou vice-versa. Aronofsky sempre teve controversas opiniões sobre seus filmes e colocada em duvida ate certo ponto sua sanidade. Já Fraser fora subestimado por seu físico completamente distorcido ante suas atuações anteriores. Pois o texto da obra em que se baseia a película foi escolhido a dedo para todas as identificações possíveis. Um incrível trabalho de empatia do inicio ao fim.
O livro “Moby Dick” dita o andar de todo o filme envolvendo aos poucos o expectador neste grande jogo de palavras e metáforas. A crise existencial do personagem principal é o fio condutor para todo o drama, que faz com que a cada dia da semana (ou página) seus relatos passam a ser mais compreensivos de uma forma geral, desvendando motivos e razões para tudo que engloba sua realidade até então. Os embates travados com os coadjuvantes, ao contrário do que parece, acabam por garantir a cada minuto a grandiosidade dos pequenos detalhes, dos diálogos e da dramaticidade em si.
O arco principal de relacionamentos interpessoais conturbados, e a busca incessante para tentar ainda assim corrigir certos erros, apenas não o perdoam como sim massacram cada vez mais. Cada lembrança tocada e as feridas reabertas não cicatrizam, e apenas afundam mais o arpão. Mas aqueles que o cercam sentem prazer em uma vingança sem poupar, e apenas se darão conta das intenções e dinâmica até ali, quando for tarde demais.
Também a questão sexualidade é colocada como temática. De fora sutil, mas forte e presente. A questão religiosa, o medo, a angústia e a ansiedade, a rejeição pelo ser e não pelo ver, e ter são emblemáticos.
Difícil não se emocionar com um dos melhores filmes que já vi este ano.