Normalmente os bons diretores tem suas características explicitas: Kubrick com sua notória perspectiva, Woody Allen e sua relação de amor e ódio com Nova Iorque, Guy Ritchie com os “slow motions”, Tarantino e seus diálogos inteligíveis, e claro, Almodovar sempre com sua fixação materna mal resolvida.
Com esse tema ele segue conseguindo arrebatar corações por onde passa e ainda por cima fazer belas imagens cheias de cores e cubismos, personagens abstratos e ao mesmo tempo extremamente bem construídos. É o caso de “Julieta”.
Julieta vive em Madri com sua filha Antía. Ambas sofrem em silêncio por conta da perda de Xoan, pai de Antía e marido de Julieta. Mas, quando a dor não aproxima as pessoas, ela separa. Quando Antía completa dezoito anos, ela abandona a mãe sem dar explicações.
Não esperem um clássico como “Fale Com Ela” ou ainda uma explosão de direção como em “A Pele Que Habito”, mas sim um Almodovar mais capaz de tentar entender o universo da perda e da então ausência em vida (que talvez seja até pior que a própria morte). As analogias continuam como sempre, uma vez que a protagonista é professora de literatura clássica e também o cuidado permanente com a indumentaria (marca registrada do diretor).
“Julieta” é um filme tocante e de uma sensibilidade extrema trabalhada com primor de quem o sabe fazer. Certamente assistindo apenas uma vez, não será possível absorve-lo por completo. Um expoente do cinema espanhol.