Levado pela onda de elogios e boas críticas ao novo filme estrelado por Sandra Bullock e George Clooney, fui tentado a assistir “Gravidade”. Conforme recomendado assisti a obra em Imax 3D para que a realidade fosse aumentada e a impressão fosse uma experiência diferente. E realmente foi. Única. Explêndida. Há anos que não saio de uma sala de cinema estupefato e boquiaberto. A experiência oferecida por Alfonso Cuaron é algo inigualável e necessária para renovação do gênero ficção científica: sem invenções mirabolantes e um mero olhar sobre a necessidade humana de sobrevivência, a mão do diretor se faz segura e sem rodeios em um roteiro simples e forte. Com diálogos que inicialmente parecem aleatórios, a engrenagem de “Gravidade” começa a rodar lentamente e entra em uma navilouca transcedental, trazendo ao espectador a vertigem prometida em um ambiente onde constam o silêncio, a agonia e o vácuo. Em resumo: após incidentes com a tripulação e nave, dois astronautas se vêem perdidos no espaço sem comunicação ou esperança de se desvencilharem da situação em que estão. Sensações ímpares nos remetem desde os mais primitivos acúos, latidos e latidos de um cão até a simplicidade e o recolhimento de um recolhimento nostálgico de volta ao útero materno. A sobrevivente Ryan Stone nos faz perceber o quanto a vida é simples e mera, uma vez que a observamos entre botões do dia a dia, não percebemos que em um simples piscar de olhos podemos vislumbrar o infinito… enquanto o personagem Matt Kowalski nos remete sempre a uma realidade não próxima, colocando a cabeça entre as nuvens e os pés no chão. Tecnicamente um filme que já nasce clássico e obrigatório, com takes e posicionamentos de câmera que nos remetem a escola de George Lucas e Spielberg. Sem medo de parecer piegas ou exagerado: o mestre Kubrick ( de 2001: Uma Odisséia no Espaço), esteja onde estiver, deve estar com uma pontinha de inveja… Definitivamente, até aqui o melhor filme do ano!