Uma câmera estática. Na Jacuzzi um homem descansa aos fundos de sua mansão. Enquanto isso os créditos vão passando e alimentando o necessário de informações. Logo após o homem sai da piscina e vai se recolhendo e desligando cada luz da casa até que tudo fique em silêncio. Este é o início de “Casa Grande“, que começa de uma forma diferente e cheia de expectativa, mas que acaba esbarrando em novos erros velhos.
A obra traz um cinema sem clichês e que tenta ser melhor do que realmente é, escapando do cinema nacional mais clássico onde a câmera rápida com os diálogos ríspidos e putaria se acomodam. Mas apenas tenta.
Não adianta somente a tentativa de ser um filme com críticas sociais (diálogos perdidos tentam contextualizar as cotas raciais, mostrar as diferenças entre classes e/ou ainda envolver personagens que não se encaixam nas cenas). Existe complexidade nas cenas e o espectador consegue ficar grudado nos momentos, que não conseguem ser angustiantes ou cômicos ao menos. A ideia de mostrar a nova sociedade formada pós crise governamental declarada é original e tem um “que” de perspicaz. Mas não arranca, não decola. Nos pudores de um roteiro simplista que não sabe exatamente onde vai, nem o que quer, perdemos uma história que poderia ser complexa e melhor tramada.
Um cinema diferente por exemplo no ótimo “O Lobo Atrás da Porta” onde apesar do final não ser exatamente o que se espera, é real e crú, como a vida muitas vezes (ou quase sempre) o é. Ou ainda do inesperado “O Som ao Redor” que tem controversas opiniões e faz com que a crítica ao menos se movimente ante o social.
Em “Casa Grande” vale a tentativa da inovação. E paramos por aí.