A ideia de esperança de um novo filme sobre a lenda criada por Edgar Rice Burroughs em 1912, pode gerar uma expectativa um pouco demasiada. Rever um clássico sem alterar suas origens e ao mesmo tempo contar uma boa história pode ser perigoso, ainda que com bons e esforçados atores. Em uma expedição inglesa a África o filho da família Clayton é o único sobrevivente em um massacre na selva. Ainda bebê ele é criado também como um macaco por uma família de gorilas. Na história contada em “A Lenda de Tarzan” (2016) o herói é convencido a retornar ao continente africano sem saber que uma emboscada é tramada para captura-lo.
Interpretado por Alexander Skarsgard, o personagem Tarzan é um protótipo de protagonista da Disney (acreditem ou não, Michael Phelps foi cotado para o papel principal, assim como os primeiros intérpretes era nadadores consagrados). Inicialmente até lembra um pouco a grande interpretação de Christopher Lambert em “Greystoke: A Lenda de Tarzan” de 1984, mas é só um espasmo de uma boa interpretação e de um bom filme. Aos poucos a infantilização das interpretações e o toque de humor fora de hora acabam por denotar o rumo que será tomado. Ainda que demais atores como Samuel L. Jackson, Christoph Waltz e Margot Robbie (além da aparição discreta de Ben Chaplin) tentem salvar a trama, não há novidades ou um roteiro interessante que façam o filme ficar mais sério ou um pouco mais proveitoso. Ainda há o esforço em takes que beiram a insanidade mas que retratam bem a expectativa dos personagens.
Ainda que o filme trate em uma breve parte histórica da exploração indiscriminada do continente negro pelos europeus, a carga emocional necessária para um bom filme deixa a desejar, tratando-a única e exclusivamente de um entretenimento. Nada mais. Sinceramente? Não desfazendo o mérito da iniciativa, mas a animação “Mogli: O Menino Lobo” traz muito mais vida a floresta do que o próprio grito do Tarzan…